sexta-feira, 18 de maio de 2018

Vale a pena ser mãe?


Elizabeth Kipman Cerqueira

Em caminho de progressiva autodescoberta e valorização, a voz feminina vem se fazendo ouvir. O movimento de defesa da Mulher existe porque existe a Mulher, com sua identidade, seu potencial, sua importância insubstituível em qualquer sociedade ou cultura.
Mas, qual é essa identidade? Existiria uma raiz que identifica a Mulher?
Existem hormônios femininos no Homem e hormônios masculinos na Mulher, entretanto isso não os torna idênticos biologicamente. Existem qualidades predominantemente femininas e outras predominantemente masculinas a serem desenvolvidas tanto no Homem como na Mulher, o que, também, não os identifica psicologicamente. Razões biológicas e evolutivas atestam a necessidade para que se desenvolvesse a predominância de qualidades em ambos de forma diferente, pois não é indiferente que a função acolhedora da vida em gestação (útero) e o papel nutricional (mamas) se cumpram na Mulher.
O recém-nascido humano é o mais imaturo entre os mamíferos; só após muitos anos, poderá providenciar sua sobrevivência e essa vulnerabilidade constituiu um marco para o salto evolutivo da espécie. Desde a época das cavernas, a criança exigiu dedicação exclusiva por tempo prolongado e isso foi o pilar para o processo de desenvolvimento humano: divisão de funções, cooperação para manter a procriação, mola propulsora para a sociabilização e o desenvolvimento da comunicação.
As mães dedicadas à sobrevivência de seus filhos necessitaram de protetores e de provedores de alimento. Desde a pré-história, elas se especializaram na criança, uma das tarefas mais dignas e transcendentes da história de toda humanidade, o que nos permitiu estar aqui, hoje. Com a ajuda dos pais, foram tão eficientes nesta tarefa que nossa espécie alcançou o mais alto índice de recém-nascidos que conseguem chegar à idade adulta.
Agora, a organização social, política e econômica permite a emancipação da mulher, a ampliação de sua realização pessoal e a prática independente da afetividade e da sexualidade. Ainda vale a pena a maternidade? Não seria uma “volta às cavernas”?
Clamam aspirações de tantas lutas de mulheres conhecidas e anônimas: o desejo de liberdade para viver e deixar a impressão digital insubstituível de cada Mulher na história.
Nesta busca de realização pessoal é indispensável descobrir a si mesma. Ela, antes de tudo, necessita admirar a si própria, seu potencial existencial – ESSA É A CHAVE PARA A GRANDE VIRADA.
À Mulher coube anunciar o apelo à transcendência ao abrir-se ao cuidado como defensora da vida gerada. A condição gregária do ser humano teve origem principalmente nas mães. Esta maravilha, fonte do crescimento da humanização, não pode ser motivo de opressão, obstáculo ao seu desenvolvimento, em sociedades de qualquer cunho político.
Hoje, ante a pressão que conclama ao individualismo, ao descarte fácil dos relacionamentos e, sobretudo, diante da pressão que desvaloriza o próprio potencial de fecundidade, os desafios não se resumem apenas ao econômico ou à necessidade de realização profissional. Correntes radicais na luta pela igualdade de direitos para homens e mulheres entendem ser necessário que a Mulher se liberte da própria maternidade.
Entretanto, com filhos biológicos ou não, a Mulher tem o dom de gerar que o Homem não tem. Ela é sempre Mãe em sua constituição porque tem a sensibilidade primeira para reconhecer o dom da vida e, por isso, ensinar também ao Homem, como se respeita a Vida. Todas as tarefas sociais cabem a ambos, porém se as diferenças forem ignoradas, decretamos não existir a Mulher. A correção do erro histórico de sua submissão, consequente à pretensa superioridade masculina, não supõe inverter a supremacia opressora anterior ou em anular as diferenças, mas em reconhecer o específico valor de ambos. Se dela for retirado seu olhar de amor e de acolhimento, coloca-se em risco a sua identidade e o próprio valor gregário que leva a sociedade a proteger o mais vulnerável. Se politicamente o fizermos, desenvolveremos o caminho contrário à construção e ameaçamos a própria sobrevivência da humanidade.
Nossa História se faz vivendo e acolhendo a Vida: a Mulher é a maravilhosa líder desse caminho ao afirmar a grandeza de seu potencial à maternidade – da vida considerada em seus múltiplos aspectos, não apenas na geração de filhos em seu ventre - convocando o Homem a assumir sua responsabilidade à paternidade, igualmente da vida considerada em seus múltiplos aspectos. A primeira impressão digital insubstituível de cada Mulher é clamar que VALE A PENA GERAR!

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