sexta-feira, 18 de maio de 2018

Conclusões de Medellín: a Igreja de Cristo Jesus presente na América.

Ilustração: Sergio Ricciuto Conte

Pe. José Ulisses Leva, Doutor em História Eclesiástica pela Pontifícia Universidade Gregoriana e professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP. 

Estamos motivados pelos 50 anos da Conferência Latino-americana ocorrida em Medellín, na Colômbia. A Igreja de Cristo Jesus presente neste Continente recorda com alegria e celebra com esperança o anúncio querigmático do Evangelho de nosso Salvador.
Percebendo as necessidades e preocupações do homem e mulher presentes na América Latina, a Igreja procurou responder como Mãe e Mestra. A II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, ocorrida em Medellín, em 1968, destacou: “A Igreja latino-americana, reunida na II Conferência Geral de seu Episcopado, situou no centro de sua atenção o homem deste continente, que vive um momento decisivo de seu processo histórico”. (Medellín, Introdução, p 5). Foi seguramente um marco eclesial e presencial às angústias e sofrimentos das pessoas que bradavam e aguardavam por esperança e confiança. O anúncio do Evangelho de Cristo Jesus e a atenção do episcopado selaram as bases para a Igreja presente no Continente da Esperança.
Nos anos 60 do século XX, a América Latina era sacudida por mortes nos campos e na cidade. As ditaduras se faziam presentes em várias nações. O desespero tomava conta das massas desorientadas pela violência e opressão. As vozes estudantis, os movimentos campesinos e a liberdade de consciência, até com levantes armados, imperavam nos variados ambientes da sociedade.
Num Continente maciçamente jovem e majoritariamente empobrecido, a Igreja de Cristo Jesus, representada por suas Conferências Episcopais Nacionais, procurou escutar e entender o clamor da população e promover as mudanças que a sociedade almejava.
Um fortíssimo aliado no Continente foi a mobilização do Episcopado Católico. Os Bispos apresentaram às orientações do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) e seguiram a antiquíssima tradição eclesial e reuniram-se em Assembleia. As Conferências Episcopais Nacionais uniram forças e juntos traçaram não só um Documento, mas metas prioritárias para a evangelização. “Toda revisão e renovação das estruturas eclesiais no que tem de reformável, deve evidentemente ser feita para atender as exigências de situações históricas concretas, mas não perdendo de vista a própria natureza da Igreja. A revisão que hoje se deve levar a cabo em nossa situação continental há de ser inspirada e orientada pelas ideias diretivas muito sublinhadas no Concílio: a da COMUNHÃO e a da CATOLICIDADE (LG 13)” (Medellín, pp 152-153).
Diante do contexto continental, os jovens e os pobres foram assegurados como prioridades, sem deixar de lado a universalidade dos problemas.  Assim as Resoluções do Concílio Ecumênico Vaticano II e as Conclusões de Medellín passaram a ser para a Igreja presente na América Latina o seu referencial. A Igreja lançava seu olhar sobre as dores secularmente impostas aos homens e mulheres desse Continente. Projetava a todos esperança e um devir assegurados à luz do Evangelho de Jesus Cristo e no testemunho e presença do episcopado.
Jornal "O São Paulo", edição 3198, 9 a 15 de maio de 2018.

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