Elizabeth Kipman Cerqueira, médica
ginecologista-obstétrica, especialista em Logoterapia, coordenadora do
Departamento de Bioética do Hospital São Francisco, em Jacareí/SP.
Constantemente, ouve-se
de autoridades públicas que o aborto deve ser liberado no Brasil por ser uma
questão de Saúde Pública.
O Ministério da Saúde
apresenta, para vinte anos (de 1996 a 2016), um total de 21.057.085 mortes
na
população brasileira, incluindo homens e mulheres de todas as idades. O número
de mortes só do sexo feminino, foi de 8.925.579.
Todas as mortes referentes à gravidez, parto
ou aborto até 45 dias após o término da gestação são agrupadas na categoria denominada
MORTE MATERNA, com o total de 34.348 casos (0,38% das mortes do sexo feminino).
Destas, a maioria está ligada ao atendimento deficiente no pré-natal e no parto.
O total de mortes por aborto foi 2.767 (0,03%
das mortes do sexo feminino) aí incluídos motivos diversos não ligados ao
aborto provocado e clandestino como gestação ectópica, mola hidatiforme e
outros. Se forem computadas apenas as mortes por falha na tentativa de aborto
(aborto clandestino) e mesmo adicionadas às causas não especificadas neste
item, chega-se ao número de 1.251 mortes (3,64% das MORTES MATERNAS).
Não deveria ocorrer nenhuma morte possível de ser evitada,
porém essas cifras indicam a manipulação de informação quando se quer indicar a
liberação indiscriminada do aborto por ser uma questão de Saúde Pública,
sobretudo considerando que essas mortes poderiam ser evitadas com prevenção,
orientação, acolhimento e atendimento integral à mulher surpreendida por uma
gestação indesejada. Além disso, no total, as mortes maternas exigem atenção
especial ao pré-natal, parto e puerpério.
A indicação de
proteção da mulher abrange todas as idades, sobretudo onde existe maior
vulnerabilidade. O próprio site DataSUS - Sistema de Informações sobre Mortalidade
- apresenta 534.609 MORTES DE MENINAS ATÉ OS 5 ANOS no mesmo período de 20 anos
no Brasil. Dessas, existe a cláusula ÓBITOS
POR CAUSAS EVITÁVEIS EM MENINAS ATÉ 5 ANOS: 358 341. Como causas possivelmente
evitáveis, mais 125 707. Números que somam quase 500.000 mortes de meninas que
poderiam ter sido evitadas! Observe-se que aí NÃO estão incluídas:
desnutrição, atenção inadequada ao parto, sífilis congênita, verminose,
tuberculose, tétano – doenças que exigem ações de Saúde Pública. São todas
mulheres cujas mortes deveriam ter sido evitadas!!!
Outro argumento usado
tem sido o custo das internações no SUS decorridos de abortos clandestinos.
Mesmo ignorando os números que servem de base para esses cálculos, sabe-se que
os países como EUA, Canadá ou Reino Unido que liberaram o aborto assumiram
gasto impossível de ser financiado pelos cofres públicos, sem considerar os
problemas (imediatos, médio e longo prazo) de saúde decorrentes do próprio
aborto provocado para a mulher, mesmo quando realizado em hospital.
O número de mortes
maternas não justifica a liberação do aborto no Brasil sob a alegação de
problema de Saúde Pública. É preciso que se contemple a verdade para descobrir
o erro!
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