Leo Pessini
Neste ano, estamos celebrando o 70º aniversário da Organização Mundial da Saúde, OMS. Fundada em 1946, a OMS sucedeu a Organização
de Saúde da Liga das Nações no imediato pós-guerra. Sua constituição entre em
vigor no dia 7 de abril de 1948, comemora-se e desde então, nesta data
comemora-se mundialmente o Dia Mundial da Saúde. Neste ano de 2018 o tema que
foi proposto é “Cobertura de Saúde
Universal: para toda a gente em todos os lugares”.
Nestas últimas 7 décadas, a esperança média de vida em todo
o mundo aumentou 23 anos, a varíola desapareceu, e a pólio vai acabar em breve,
afirmam os especialistas em saúde.” A OMS é hoje a mais importante agencia da
ONU em termos de vigilância sanitária global.
A OMS, desde o início de suas atividades há 70 anos, tem liderado
esforços para livrar o mundo de doenças fatais, como a varíola, e para combater
hábitos que podem levar à morte, como o consumo de tabaco. Apesar destes avanços, pessoas em todo o mundo
ainda morrem precocemente e não tem acesso aos cuidados indispensáveis e vitais
de saúde. Todos os anos, cerca de 100 milhões de pessoas são empurradas para
uma situação de pobreza extrema onde faltam todos os cuidados, não só os de
saúde.
Neste ano, o Dia Mundial da Saúde deste ano é dedicado a um
dos princípios éticos estruturais da OMS: “O
gozo do mais alto padrão de saúde possível é um dos direitos fundamentais de
qualquer ser humano, sem distinção de raça, religião, crença política, condição
econômica ou social”. O Slogan deste dia, vai nesta direção ao propor "Saúde universal: para todos, em todos os
lugares".
“Uma boa saúde é a coisa mais preciosa que a pessoa pode
ter”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Quando estão
saudáveis, as pessoas podem aprender, trabalhar e sustentar a si mesmas e suas
famílias. Quando estão doentes, nada mais importa. Famílias e comunidades ficam
para trás. É por isso que a OMS está comprometida em garantir uma boa saúde
para todas e todos.” Com 194 Estados Membros em seis regiões no Planeta, a OMS
está unida em um esforço compartilhado para melhorar a saúde de todas as
pessoas, em todos os lugares – e alcançar o Objetivo (n. 3), da Agenda do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2030 da ONU de garantir “vidas saudáveis e promover o bem-estar para pessoas de todas as idades”.
Alguns dos maiores ganhos em saúde são observados entre
crianças menores de cinco anos: em 2016, seis milhões de crianças a menos
morreram antes de completarem cinco anos de idade em relação a 1990. A varíola
foi derrotada e a pólio está à beira da erradicação. Muitos países eliminaram
com sucesso o sarampo, a malária e as doenças tropicais debilitantes, como
dracunculíase (verme-da-guiné), bem como a transmissão do HIV e da sífilis de
mãe para filho.
As novas e ousadas recomendações da OMS para um tratamento
precoce e mais simples, combinadas com esforços para facilitar o acesso a
medicamentos genéricos mais baratos, ajudaram 21 milhões de pessoas a receberem
tratamento para o HIV. A situação de mais de 300 milhões de pessoas que sofrem
de infecções crônicas por hepatite B e C está finalmente ganhando atenção
global. E parcerias inovadoras produziram vacinas eficazes contra meningite e
ebola, bem como a primeira vacina contra a malária do mundo.
Nas
últimas décadas, vimos o aumento de doenças crônicas não transmissíveis, como
câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. Essas enfermidades atualmente
representam 70% de todas as morte no mundo. Assim, a OMS mudou o foco, com a
colaboração dos ministérios de saúde dos países membros, para promover uma
alimentação saudável, exercícios físicos e exames de saúde regulares. A
Organização realizou campanhas de saúde em todo mundo para a prevenção de diabetes,
hipertensão e depressão. A OMS está atualmente respondendo a surtos e crises
humanitárias (países em guerra) em mais de 40 países.
Desde o início, a OMS reuniu especialistas em saúde do mundo
todo para produzir recomendações e materiais científicos para todo o globo.
Resultado desta ação temos hoje o CID -
classificação Internacional de Doenças, utilizada hoje em 100 países como
um padrão comum para relatar doenças e identificar tendências de saúde e a Lista de Medicamentos Essenciais da OMS
– e um guia para países sobre os principais medicamentos que um sistema
nacional de saúde precisa. Em breve teremos a primeira Lista de Diagnósticos Essenciais do mundo.
A partir de agora uma nova e exigente agenda da OMS focará em
obter saúde universal para mais de um bilhão de pessoas; proteger mais um
bilhão de pessoas das emergências de saúde e permitir que um bilhão de pessoas
desfrutem de melhor saúde e bem-estar na trilha da Agenda 2030, do
Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Que isto não seja um mero sonho, ilusão ou utopia, mas que a
humanidade acorde, se uma em torno deste objetivo maior de cuidar da saúde
humana e superando interesses particulares, se encontre neste horizonte maior
de investir em cuidados de saúde, cuidando da vida prioritariamente a partir
dos mais deserdados da terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário