Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Pe. José Ulisses Leva, Doutor em História Eclesiástica pela Pontifícia
Universidade Gregoriana e professor da Faculdade de Teologia da PUC-SP.
Estamos
motivados pelos 50 anos da Conferência Latino-americana ocorrida em Medellín,
na Colômbia. A Igreja de Cristo Jesus presente neste Continente recorda com
alegria e celebra com esperança o anúncio querigmático do Evangelho de nosso
Salvador.
Percebendo
as necessidades e preocupações do homem e mulher presentes na América Latina, a
Igreja procurou responder como Mãe e Mestra. A II Conferência Geral do
Episcopado Latino-americano, ocorrida em Medellín, em 1968, destacou: “A Igreja
latino-americana, reunida na II Conferência Geral de seu Episcopado, situou no
centro de sua atenção o homem deste continente, que vive um momento decisivo de
seu processo histórico”. (Medellín, Introdução, p 5). Foi seguramente um marco eclesial
e presencial às angústias e sofrimentos das pessoas que bradavam e aguardavam
por esperança e confiança. O anúncio do Evangelho de Cristo Jesus e a atenção
do episcopado selaram as bases para a Igreja presente no Continente da
Esperança.
Nos anos 60 do século XX, a América Latina era sacudida por
mortes nos campos e na cidade. As ditaduras se faziam presentes em várias
nações. O desespero tomava conta das massas desorientadas pela violência e
opressão. As vozes estudantis, os movimentos campesinos e a liberdade de
consciência, até com levantes armados, imperavam nos variados ambientes da
sociedade.
Num Continente maciçamente jovem e majoritariamente
empobrecido, a Igreja de Cristo Jesus, representada por suas Conferências
Episcopais Nacionais, procurou escutar e entender o clamor da população e
promover as mudanças que a sociedade almejava.
Um fortíssimo aliado no Continente foi a mobilização do
Episcopado Católico. Os Bispos apresentaram às orientações do Concílio
Ecumênico Vaticano II (1962-1965) e seguiram a antiquíssima tradição eclesial e
reuniram-se em Assembleia. As Conferências Episcopais Nacionais uniram forças e
juntos traçaram não só um Documento, mas metas prioritárias para a
evangelização. “Toda revisão e renovação das estruturas eclesiais no que tem de
reformável, deve evidentemente ser feita para atender as exigências de
situações históricas concretas, mas não perdendo de vista a própria natureza da
Igreja. A revisão que hoje se deve levar a cabo em nossa situação continental
há de ser inspirada e orientada pelas ideias diretivas muito sublinhadas no
Concílio: a da COMUNHÃO e a da CATOLICIDADE (LG 13)” (Medellín, pp 152-153).
Diante do contexto continental, os jovens e os pobres foram
assegurados como prioridades, sem deixar de lado a universalidade dos
problemas. Assim as Resoluções do
Concílio Ecumênico Vaticano II e as Conclusões de Medellín passaram a ser para
a Igreja presente na América Latina o seu referencial. A Igreja lançava seu olhar
sobre as dores secularmente impostas aos homens e mulheres desse Continente.
Projetava a todos esperança e um devir assegurados à luz do Evangelho de Jesus
Cristo e no testemunho e presença do episcopado.
Jornal "O São Paulo",
edição 3198, 9 a 15 de maio de 2018.
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