Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Padre Reginaldo Manzotti é coordenador da Associação Evangelizar é Preciso e pároco reitor do Santuário Nossa Senhora de Guadalupe, em Curitiba (PR). Apresenta diariamente programas de rádio e TV.
Tenho
percebido através das partilhas de vida, seja no rádio, na TV ou mesmo
pessoalmente, que muitos não sabem lidar com o sofrimento e, por isso, hoje
reflito sobre esse assunto.
O
Senhor permite em sua sabedoria e pedagogia da Cruz a provação e a tribulação
para nos tocar. Talvez pela atrição para o grande anseio de Deus, que cheguemos
à contrição. Ele tem um propósito para todos nós e não permitiria algo ruim em
nossas vidas somente para nos prejudicar.
Deus
só permite aquilo que pode se transformar em algo bom. Ele não brinca conosco,
Ele cuida de nós como algo muito valioso. Nós somos muitos preciosos para Ele.
Tudo que falamos de Deus é pouco no que se refere ao que verdadeiramente Ele é.
Se nós conseguimos imaginar que Deus é capaz de nos ferir para nos curar é
porque ele nos reserva algo de bom, como nos diz Oséias: “Ele nos feriu e há de
tratar-nos, Ele nos machucou e há de curar-nos” (Os 6, 1).
Às
vezes, Deus pode nos ferir para nos purificar. Não por crueldade ou não nos
amar, mas porque nos criou à sua imagem e semelhança. Porque nós somos
preciosos para Ele. Ele sabe o quanto vivemos presos em vícios, em coisas
fúteis e situações que dão alegrias muito passageiras, mas Ele quer o melhor de
nós.
Deus
permite passarmos por uma noite escura da fé, como viveu Madre Tereza de
Calcutá, para crescermos espiritualmente. O próprio Jesus, na Sexta-feira
Santa, se sentiu abandonado pelo Pai a ponto de dizer: “Eloi Eloi lama sabactani?” – Meu Deus, meu Deus, porque
me abandonaste? Mas ele não desistiu. Ferido, Ele provou o silêncio profundo de
Deus, mas não recuou.
Nossa
Senhora também estava ferida, aos pés da cruz de Jesus, porque não deve ter
sido fácil contemplar o Filho, inocente, morrendo daquela forma. Mas ela foi
capaz de sepultá-lo, se encontrar e rezar com aqueles que o abandonaram. Ela o
fez na esperança da madrugada da Ressurreição.
Muitas
vezes, somos insensíveis aos apelos de Deus. Formamos um escudo em nós mesmos e
a flecha divina tem dificuldade de penetrar, pois quanto mais sedimentados aos
apegos das paixões, ao mundanismo, à satisfação pela satisfação, menos
sensibilidade temos para Deus. E por isso sofremos!
Deus
não tenta ninguém, mas Ele permite que sejamos tentados. Ele é forte e
poderoso, mas o inimigo existe e quer semear em nosso coração a dúvida e a
confusão. Nossa alma tem fome de Deus e precisa ser alimentada através do
Sacramento da Eucaristia, ela é o alimento eterno.
Temos
necessidade de comungar. Ao receber Jesus, Ele que nos envolve com seu amor.
Devemos dar mais valor a Eucaristia, é preciso, após cada comunhão, adorar
Cristo Vivo dentro de nós, isso irá nos curar.
Quem
dera deixássemos nos encontrar com Deus. A cada momento Ele tenta nos
encontrar. Caso deixemos de experimentar o amor de Deus e se em algum momento
da vida nos cansarmos e nos dermos conta de nossa imperfeição, nos coloquemos
diante Dele e recomecemos. Ele estenderá as mãos para que cheguemos mais
perto de Seu amor, pois a Sua misericórdia é infinita.
Deus
abençoe!
Jornal "O São Paulo", edição 3073, de 14 a 20 de
outubro de 2015.
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