Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Ivanaldo Santos é doutor em filosofia e professor do Departamento de Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERN.
O Papa Francisco convocou um Ano Santo da Misericórdia para
ser vivido nas comunidades da Igreja, por religiosos, padres e leigos, e pelas
comunidades e pessoas que, por motivos diversos, estão fora da Igreja. O Ano
Santo será oficialmente aberto no dia 8 de Dezembro de 2015, na solenidade
da Imaculada Conceição, com a abertura simbólica da Porta da Misericórdia
na Catedral de Roma, a Basílica de São João de Latrão, e terminará na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do
Universo, 20 de Novembro de 2016.
De acordo com o Papa, na Bula
de proclamação do jubileu extraordinário da misericórdia, Misericordiae Vultus, o ano de
2015 foi escolhido para ser o Ano da
Misericórdia por se tratar, dentre outros, do ano onde se comemoram
os 50 anos do enceramento do Concílio Vaticano II. Um concílio que abria as
portas da Igreja para anunciar o Evangelho de maneira nova, uma nova etapa na
evangelização. Um novo compromisso para os cristãos de testemunharem, com
mais entusiasmo e convicção, a sua fé.
O Papa Francisco coloca que o
Ano da Misericórdia tem duas funções principais. A primeira é promover a
unidade interna na Igreja, uma unidade necessária diante de tantos radicalismo
e incompreensões que abalam internamente a Igreja no mundo contemporâneo. Atualmente
a Igreja encontra-se profundamente dividida em polos ideológicos e antagônicos
e, por isso, o Papa clama por unidade. A segunda é o cristão ir ao encontro das
mais variadas periferias existenciais,
que, muitas vezes, o mundo contemporâneo cria. Um das finalidades do encontro
com as periferias existenciais é promover a conversão e a misericórdia com os
diversos grupos sociais que vivem, de diversas formas, como prisioneiros das
novas escravidões da sociedade contemporânea (as drogas, o terrorismo, a
corrupção, o desamor, a abuso do poder, as ideologias, etc). Para o Papa Francisco
uma das causas, dentre outras, da existência da pobreza, da corrupção e dos
demais males que afligem o mundo contemporâneo é o egoísmo e o distanciamento do
homem do amor de Deus. Por causa disso, o Papa coloca que é preciso levar a
misericórdia de Deus para a periferia existencial e, com isso, procurar abrir o
caminho da ação de Deus e da Doutrina Social da Igreja (DSI) no mundo atual. O
mundo atual precisa da misericórdia de Deus e da ação da Doutrina Social da
Igreja.
O Papa espera que nas comunidades cristãs (paróquias,
conventos, etc), durante o Ano da Misericórdia, as pessoas que estejam com
algum problema ou angústia possam encontrar um oásis de misericórdia. Por isso, o Papa deseja que sejam praticadas
as obras de misericórdia corporal e espiritual. Por obras de misericórdia
corporal espera-se, por exemplo, dar de comer aos famintos, dar de beber aos
sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos,
visitar os presos, enterrar os mortos. Por obras de misericórdia espiritual
espera-se, por exemplo, aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes,
admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com
paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos. Por fim,
afirma-se que a iniciativa do Papa Francisco, ao convocar o ano da
Misericórdia, é necessária para o mundo atual, marcado pela corrupção, pela
violência, pela indiferença e pela desumanização do ser humano.
Jornal "O São Paulo", edição 3071, de 30 de
setembro a 6 de outubro de 2015.
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