Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs.
Gestos, visitas e ações que valem uma encíclica. Esta
poderia ser uma fórmula sintética de sublinhar os cinco anos do pontificado do
Papa Francisco. Eleito à Cátedra de Pedro no dia 13 de março de 2013, Jorge M.
Bergoglio, a bem dizer, logo passou a usar uma linguagem de sabor popular, com
os pés no chão e as mãos estendidas. Gestos simbólicos, sem dúvida, mas sobretudo
marcados pela presença de um pastor fortemente temperado por uma
espiritualidade radicada na Palavra de Deus e na comunhão com o próximo.
Mas o contrário também é verdadeiro: um voo de pásaro às cartas
encíclicas Lumen Fidei (2013) e Laudato Si’ (2015), bem como à exortação
apostólica Evangelii Gaudium (2013) ou a seus discursos e
mensagens em geral, bastará para dar-se conta que seus escritos costumam ser
tão simples quanto profundos, tão concretos quanto um olhar, um toque, um
abraço, um ouvido atento, uma presença amiga. Vem à tona a figura evangélica do
bom pastor que conhece suas ovelhas e estas conhecem sua voz (Jo 10,1-21).
Na prática do pontífice, os relatos evangélicos e a Boa Nova
de Jesus Cristo possuem primazia absoluta, tanto em seu modo de falar quanto em
seu modo de agir. Como o Mestre, sabe comunicar-se com as multidões – na Praça
São Pedro, em Roma, ou nas visitas pelos diversos países – mas, ao mesmo tempo,
é capaz de deter sua caravana quanto alguém grita por “compaixão” (episódio dos
dez leprosos – Lc 17,11-19) ou o “toca”
de mais perto (mulher que sofre de fluxo de sangue – Mc 5, 25-34), porque o
desespero é maior.
Por outro lado, a familiaridade com o Evangelho leva o Papa
Francisco a igual vizinhança com os mais necessitados. A esse respeito, alguns
gestos marcaram de forma particular a sua ação. No campo das migrações, por
exemplo, visita as ilhas de Lesbos (Grécia) e Lampedusa (Itália), além da fronteira
entre México e Estados Unidos. Acolhe em sua casa e em sua mesa o povo da rua.
Tem visitado hospitais, casas de refugiados e presídios, inclusive lavando os
pés dos prisioneiros. Manifesta um carinho especial para com doentes, as
crianças e pessoas aflitas, chegando a telefonar-lhes ou responder suas cartas.
Uma volta às fontes! Talvez esteja seja uma outra forma de
resumir o pontificado do Papa Francisco. Fontes entendidas aqui como a novidade
do Evangelho, a Doutrina Social da Igreja e a situação concreta em que vive e
se move a população mais pobre e indefesa. Daí sua insistência em passar da
“globalização da indifereça e da economia que mata” à “cultura da
solidariedade”.
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