Editorial do jornal O São Paulo, ed. 3078, de 18 a 24 de novembro de 2015.
“Os responsáveis políticos de Bagdá têm o urgente dever de colaborar [...] para eliminar todos os motivos da intervenção armada [... Mas] perante as tremendas consequências que uma operação militar internacional teria para as populações do Iraque e para o equilíbrio de toda a região do Médio Oriente, já tão provada, mas também para os extremismos que daí poderiam derivar digo a todos: ainda há tempo para negociar; ainda há espaço para a paz; nunca é tarde demais para se compreender e para continuar a negociar.” (São João Paulo II, Ângelus de 16/03/2003)
“Os responsáveis políticos de Bagdá têm o urgente dever de colaborar [...] para eliminar todos os motivos da intervenção armada [... Mas] perante as tremendas consequências que uma operação militar internacional teria para as populações do Iraque e para o equilíbrio de toda a região do Médio Oriente, já tão provada, mas também para os extremismos que daí poderiam derivar digo a todos: ainda há tempo para negociar; ainda há espaço para a paz; nunca é tarde demais para se compreender e para continuar a negociar.” (São João Paulo II, Ângelus de 16/03/2003)
Desde o início da crise no Iraque, os
papas se pronunciaram contra a guerra. Não foram ouvidos e os conflitos
aumentaram, ganhando os terríveis contornos vistos com a crise dos refugiados e
os atentados em Paris.
Diante do terror, são necessárias ações
enérgicas para coibir a violência, mas a guerra pode inibir uma injustiça ou
uma violência maior, sem construir a paz. A força das tropas aliadas pode ter
destruído a ameaça nazista, mas a paz nasceu da solidariedade entre aqueles que
reconstruíram seus países, chegando – com dificuldades e imperfeições – à atual
União Europeia.
As intervenções militares das grandes
potências no Oriente Médio têm se orientado por interesses econômicos e
geopolíticos e não por razões humanitárias ou pela solidariedade internacional.
Agora que a crise humanitária dos refugiados e os atentados em Paris e no mundo
todo sugerem que a ação militar é inevitável, para evitar males maiores, os
princípios de construção da paz não podem ser esquecidos.
Uma guerra só é justa quando evita um
mal certo e maior, esgotadas as alternativas pacíficas, tendo condições de
êxito e não se usando a força além do necessário (cf. Catecismo da Igreja
Católica, Nº 2309).
Além disso, boa parte dos terroristas
atuais, ainda que venham de famílias árabes, nasceram e cresceram nos países
que atacaram. Eles e suas vítimas (assim como os jovens que matam e morrem nas
periferias brasileiras) mostram o “lado sombrio” de uma sociedade que apregoa o
bem-estar material, a tolerância e a liberdade, mas condena grande parte de
seus jovens às “periferias da existência” – onde a falta de sentido para a vida
e a exclusão social alimentam a violência.
“Mais uma vez, nestes últimos dias, o
terrorismo cumpriu a sua obra nefasta, [...] continuo a rezar pelas vítimas,
renovo a afirmação da minha proximidade espiritual a tantas famílias que choram
os seus mortos [...] Ninguém pode abandonar-se à tentação do desencorajamento
ou da desforra: o respeito à vida, a solidariedade internacional, a observância
à lei devem prevalecer sobre o ódio e sobre a violência [...] Confiamos ao Deus
da misericórdia e da paz, pela intercessão de Maria Santíssima, os povos
daquela parte do mundo.” (São João Paulo II, Ângelus de 16/11/2003).
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