quarta-feira, 4 de novembro de 2015

As famílias se encontram no coração da Igreja

Ilustração: Sergio Ricciuto Conte
José Ulisses Leva é padre secular e professor de História da Igreja da PUC-SP.

Num instante de amor Deus nos criou. “Deus disse: Façamos o ser humano à nossa imagem e segundo à nossa semelhança” (Gn 1, 26). A Misericórdia, o carinho e o afeto de Deus são imensos. “Quando Deus criou o ser humano, ele o criou à semelhança de Deus. Criou-os homem e mulher, e os abençoou” (Gn 5, 1). No Mistério da Encarnação (cf Lc 1,35), Jesus Cristo nasceu na Sagrada Família de Nazaré (cf Lc 1, 27), para nos salvar.
A Igreja sempre esteve atenta às tristezas e angústias do nosso tempo. O Concílio Ecumênico Vaticano II aponta para Deus, mas coloca o Homem como referência das preocupações e indica a todos as alegrias e as esperanças (GS, n 1).  Assim, nossa centralidade está em Deus Uno e Trino e nosso diálogo se dá com a humanidade.
Atualmente, o Papa Francisco  utiliza nos Documentos, Homilias e Pronunciamentos uma linguagem singela, mas carregada de profundidade. Francisco sugere, não impõe. Indica, não aponta. Propõe, não dificulta. Seguindo-o, precisamos ir ao coração e ao âmago das questões familiares. Como fazer uma parceria entre Igreja e família? O que esperar do Sínodo sobre a Família no mundo contemporâneo? Certamente, as atenções e preocupações sobre a família, estão presentes nos pensamentos e atitudes do Papa Francisco. Assim, como o Altíssimo Deus cerca-nos de Misericórdia, o Papa, como Pai de todos os fiéis batizados, também se preocupa com todos os cristãos, sobretudo, com as famílias.
Quais os temas mais cruciais que o Sínodo deve expor diante dos homens e mulheres do nosso tempo? Vários temas sobre a Família, o Papa Francisco, tem elucidado nas suas Homilias e Discursos, diante dos Prelados e dos demais ouvintes na Praça de São Pedro. Recentemente, o Sumo Pontífice brindou-nos com a Bula Misericordiae Vultus, tendo por motivação central o rosto misericordioso de Deus.  “O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando um coração sincero se aproxima do Sacramento da Confissão para obter a reconciliação com o Pai” (Carta do Papa Francisco com a qual se concede indulgência por ocasião do Jubileu extraordinário da Misericórdia, endereçada a Dom Rino Fisichella, em 01 de setembro de 2015). De fato, quaisquer que forem as propostas apresentadas, todas devem ser guiadas e abalizadas pela Sagrada Escritura. Grande prova de Amor manifestou Deus quando nos criou, especialmente, Cristo Jesus, que por nós morreu e ressuscitou (Ef 1, 20). Assim, a Igreja presente e visível em todos os Continentes, quer o melhor para seus filhos e filhas, pois nela, Deus constituiu Jesus Cristo “como cabeça da Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude daquele que se plenifica em todas as coisas” (Ef 1, 22).
Assim, diante das expectativas e especulações do Sínodo, como cristãos participantes da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, qual deve ser nossa atitude? Reticente? Ouvinte? Envolvido? Historicamente, no século do Conciliarismo (século XV), a Igreja gemia e se encontrava dividida. Santa Catarina de Sena e Santa Brígida da Suécia, entre tantos outros homens e mulheres, rezaram para a Unidade da Igreja. Voltemos, também, nossos olhos a Deus e nossos corações aos lares que sofrem e busquemos sincera e retamente, à Luz da Sagrada Escritura, o melhor para as famílias. Rezemos pelo Papa Francisco e por todos os Padres Sinodais. Esse é o momento privilegiado para buscarmos o melhor para as famílias, com o mesmo espírito fraterno das comunidades primitivas assíduas na oração e na partilha (cf Jo 14, 15-17).
Jornal "O São Paulo", edição 3075, 28 de outubro a 3 de novembro de 2015.

Um comentário: