Francisco Borba Ribeiro Neto,
coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP
Num momento
em que tanto se fala nas ameaças e na necessidade de defender a família, as
exortações apostólicas Familiaris consortio (FC), de São João Paulo II, e Amoris
laetitia (AL), do Papa Francisco, podem oferecer uma autêntica checklist para
verificarmos se estamos realmente comprometidos com essa luta, vivendo-a
integralmente. Sem querer resumir toda a riqueza desses documentos, podemos
elencar os tópicos a seguir:
● Conhecer a
situação e saber discernir a partir da sabedoria cristã (FC 4-8, AL 31-57):
temos que entender os problemas com clareza, sem julgamentos esquemáticos ou
ideológicos, deixando que a fé e a caridade orientem nosso agir.
● Reconhecer
o desígnio de Deus sobre a família e vive-la nessa perspectiva (FC 11-15, AL
8-18, 58-88), pois não podemos deixar de perceber a graça que recebemos na
família e a missão que daí nasce.
● Educarmo-nos
para o amor e a comunhão conjugal (FC 18-21, AL 89-164, 205-230), pois nossa
sociedade não prepara para o amor e a comunhão e esse despreparo é a razão de
muitos casamentos falidos.
● Acolher a
todos os membros da família, com suas necessidades, fragilidades e riquezas: a mulher
(FC 22-24), o esposo (FC 25), os filhos (FC 26, AL 188-190), os anciãos (FC 27,
Al 191-193), os irmãos e demais parentes (AL 194-198).
● Abrir-se
para o dom da vida e a fecundidade, não perdendo de vista os sentidos unitivo e
procriativo da sexualidade humana (FC 28-32, AL 165-186).
● Apoiar
tanto com o ensinamento moral quanto por meio da acolhida concreta os cônjuges
em dificuldade (FC 33-35, AL 231-258).
● Assumir a
educação dos filhos família (FC 36-44, AL 259-290), sendo protagonistas
naqueles âmbitos que mais competem à como a moralidade e a afetividade), mas
também os acompanhando na vida escolar, na sociabilização entre amigos, etc.
● Contribuir,
como família, para o desenvolvimento da sociedade, onde se destacam as obras em
prol dos pobres e a hospitalidade (FC 44) e a luta pelo reconhecimento dos
direitos da família (FC 46).
● Desenvolver
uma autentica espiritualidade conjugal e familiar (AL 313-325).
Cabe a nós a
pergunta: como, e até que ponto, nossas comunidades, paróquias e movimentos têm
se engajado no trabalho a partir dessas proposições? A maior contribuição da
Igreja para o fortalecimento das famílias é criar comunidades cristãs que
formem bem e apoiem as famílias e seus membros. Se dermos esse testemunho para
o mundo, o resto virá por acréscimo, nos tempos e desígnios de Deus.
Jornal "O São Paulo", edição 3174, 8 a 14 de
novembro de 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário