Leo Pessini
A revista The
Economist, em abril de 2017, em parceria com a Foundation The Henry J. Kaiser Family, publicou um interessante
estudo intitulado: “Visões e experiências
com cuidados médicos de final de vida no Japão, Itália, Estados Unidos e Brasil”.
Destacaremos alguns dados que nos parecem essenciais, elegendo cinco questões
que nos pareceram as mais emblemáticas:
“Em se tratando de
assistência e cuidados, o que você considera mais importante no final de sua
própria vida?” As respostas foram:
a) prolongar a vida o maior tempo possível: Japão, 9%; EUA,19%; Itália, 13%,
Brasil, 50%; b) auxiliar as pessoas a morrerem sem dor: Japão, 82%; EUA, 71%;
Itália, 68% e Brasil 42%. Dado marcante observado no Brasil, foi que 50% dos
entrevistados defendeu o prolongamento da vida pelo tempo o mais prolongado
possível. “Ao pensar em sua própria morte, o que considera ser de extrema
importância?”
As escolhas foram: a)
não deixar a família em dificuldades financeiras: 59% no Japão e 54% nos EUA;
b) estar em paz espiritualmente, 40% no Brasil; e c) ter a companhia de pessoas
queridas por ocasião do processo de morrer, 34% na Itália. Aqui, merece
destaque a afirmação “estar em paz espiritualmente”, atribuído a grande maioria
dos brasileiros entrevistados.
“Sobre o prolongamento
da vida no maior tempo possível”. Segundo dados da pesquisa, 50% dos
brasileiros, quando estimulados a opinar sobre o final de suas próprias vidas,
manifestou de maneira enfática o desejo de permanecer internado em UTI,
enquanto nos EUA, na Itália e no Japão, as taxas foram inferiores, entre 9% e
19%, prevalecendo a escolha por cuidados paliativos e uma morte sem dor e
sofrimento.
Cabe informar que diante dessa diferença os dados colhidos
com entrevistados brasileiros consideraram os diferentes níveis de
escolaridade: 51% daqueles com educação elementar manifestou-se favoravelmente
ao prolongamento da vida e permanência na UTI, enquanto 53% dos portadores de
nível secundário teve a mesma opinião e apenas 35% dos portadores de nível de
ensino superior acolheu a tese do prolongamento indiscriminado da vida
biológica.
4. “Morrer com menos
dor, desconforto e sofrimento”
Considerando conjuntamente todos demais países estudados, a
aprovação da medida foi acolhida por 41% das pessoas com educação elementar;
40% daquelas com ensino secundário e 58% das portadoras de formação
universitária. Em síntese, ao se tratar
de doenças graves e incuráveis a maioria dos entrevistados, tanto no Japão,
quanto na Itália e nos EUA, optou por receber cuidados que reduzissem a dor e
que permitissem a companhia de familiares nos momentos próximos ao final da
vida, em detrimento de procedimentos que proporcionassem o prolongamento
artificial da vida.
“Sobre quem deveria
decidir sobre o tratamento médico a ser adotado em pacientes no final da vida”
Na média geral dos países, 57% considerou ser esta uma
decisão de competência exclusiva dos pacientes e seus familiares, enquanto 40%
optou pelas condutas definidas pelos médicos, e 2 % não soube responder. Destacamos
a prevalência marcante da religiosidade entre os brasileiros, condição expressa
no índice de 40% dos que consideraram “extremamente importante”, nesse momento
da finitude da vida, “estar em paz espiritualmente”. Oito em cada dez
brasileiros participantes da pesquisa (83%) evidenciou a importância que
devotam às “convicções religiosas e
espirituais”.
Fica o gentil convite de a gente refletir sobre uma das
questões mais importantes de nossas vidas. Como fomos cuidados para nascer,
também necessitamos de cuidados ao partir!
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