Ilustração: Sergio Ricciuto Contewww.sergioricciutoconte.com.br |
Francisco Borba Ribeiro Neto é coordenador do
Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
Diante da gravidade da crise política, econômica e social
que o Brasil atravessa, é natural que as comunidades cristãs se interroguem sob
o que fazer, como responder à situação. Num momento como este, o ecumenismo é
chamado a mostrar uma outra face, infelizmente pouco reconhecida e divulgada
entre nós: não só buscar a necessária e justa unidade entre as diversas
denominações cristãs, mas ser também um espaço onde os cristãos em unidade
lutam pela construção do bem comum.
Nesta hora, alguns fios condutores que unificam a visão de
mundo de todos aqueles que fizeram a experiência do encontro com Cristo são
particularmente significativos. Por exemplo, a percepção de que nenhum sistema
político poderá construir um mundo melhor sem a ação decidida de pessoas justas
e integras. Não há bem comum estável e verdadeiro sem o compromisso moral com a
verdade e a justiça. Mas também a percepção de que o bem comum não depender da
vontade de quem está no poder, mas tem que ser fruto do esforço e do
compromisso solidário de cada um. A falta de solidariedade e de compromisso com
a sociedade é um pecado de nossas “elites” que sem dúvida tem muito a ver com
nossas mazelas atuais.
A tensão para manter um compromisso ético e pessoal com a
verdade, a justiça e a solidariedade é um ponto em comum que unifica a todos os
que seguem a Cristo com sinceridade. Cada cristão sincero pode ser mais ou
menos capaz de corresponder a este desejo de fidelidade, mas todos se
reconhecem neste ideal. Curiosamente, esta parece ser também a característica
que o povo brasileiro mais deseja ver em seus dirigentes – e que parece ver
muito poucas vezes neles.
Como transformar esta tensão ideal num caminho concreto de
construção da vida social e da política? Este é um desafio “ecumênico”, que –
para o bem dos brasileiros – deve ser respondido de forma conjunta por todos os
cristãos.
Os velhos – e este que escreve estas palavras se considera
um deles – sabem destas coisas. Mas muitas vezes se esquecem delas, ou perdem o
impeto para se jogarem no mundo a partir delas. Por isso precisam estar perto
dos jovens, atentos a eles e à energia juvenil com que se lançam na procura
pela verdade e a beleza da vida.
Por tudo isso, um evento particularmente significativo está
para ocorrer neste início de ano na PUC-SP. Um grupo de jovens da Aliança
Bíblica Universitária (ABU) iniciaram uma bela amizade com assessores da
Coordenadoria de Pastoral Universitária. Desta amizade, vivida sem dúvida num
clima fraterno e numa busca compartilhada por Cristo, nasceu o desejo de
realizarem juntos uma reflexão sobre a situação política atual.
Assim, estão realizando a mesa redonda “As contribuições do
Cristianismo em meio a atual crise socioeconômica e política – uma perspectiva
ecumênica”, que acontecerá no dia 25 de fevereiro de 2016, a partir das 19h30,
na PUC-SP (Rua Monte Alegre, Nº 984, auditório 239). O tema será abordado pelos
professores Rubens Ricupero, diretor da Faculdade de Economia da FAAP, Paul
Freston, professor da Wilfrid Laurier University (Canadá), e Jonas Madureira,
professor da Faculdade Teológica Batista em São Paulo.
Este encontro pode ser uma bela ocasião para que estudantes
e profissionais de todas as idades, cristãos de todas as denominações e mesmo
não cristãos, possam fortalecer um caminho de unidade para a construção de um
Brasil melhor. Uma contribuição importante dada pela PUC-SP, que assim reafirma
seu caráter católico – mas por isso mesmo aberto a toda a comunidade cristã e a
todos os homens de boa vontade.
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