Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Marcelo Barroso é doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela USP, coordenador do curso de Engenharia de Inovação do ISITEC/SP e membro da comunidade Totus Mariae.
A inquietação com a Casa Comum se apresenta tanto na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 (CF2016) como na encíclica Laudato si’ (LS), do Papa Francisco, sugerindo a possibilidade de uma forte sinergia entre ambas. A CF2016 da ênfase ao Saneamento Básico como problema referencial a ser debatido, conhecido e reivindicado, assentado na questão das responsabilidades do governo (municípios, estados e União) e da sociedade. Por outro lado, a Laudato si’, mostra a inseparabilidade entre a defesa do meio ambiente e do bem comum na necessária Ecologia Integral, a qual pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o desenvolvimento integral.
A inquietação com a Casa Comum se apresenta tanto na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016 (CF2016) como na encíclica Laudato si’ (LS), do Papa Francisco, sugerindo a possibilidade de uma forte sinergia entre ambas. A CF2016 da ênfase ao Saneamento Básico como problema referencial a ser debatido, conhecido e reivindicado, assentado na questão das responsabilidades do governo (municípios, estados e União) e da sociedade. Por outro lado, a Laudato si’, mostra a inseparabilidade entre a defesa do meio ambiente e do bem comum na necessária Ecologia Integral, a qual pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis orientados para o desenvolvimento integral.
O que está acontecendo com a nossa casa comum nos une em uma
preocupação comum. “As raízes éticas e espirituais dos problemas ambientais,
nos convidam a encontrar soluções não só na técnica, mas também na mudança do
ser humano” (LS 8), conforme reporta o Patriarca Bartolomeu e de maneira
análoga Papa Bento XVI e Papa Francisco. Este é um desafio necessário para um
olhar ampliado e mais fidedigno da realidade nesta CF2016.
Nosso olhar não pode se deter na ausência dos serviços de
saneamento básico. É necessário aprofundar o problema, na perspectiva de uma
Ecologia Integral, procurando ver em profundidade tanto os aspectos técnicos e
políticos do problema quanto os aspectos pessoais e éticos que envolvem técnicos,
profissionais e dirigentes responsáveis. Só assim será possível o problema em
toda a sua amplitude e dar-lhe a abordagem necessária.
Os problemas de saneamento básico devem ser vistos numa
perspectiva integrada. Não podem ser dissociados das políticas de
desenvolvimento urbano, que determinam os investimentos prioritários do setor
público e como os serviços são distribuídos.
O saneamento básico também não pode ser dissociado da gestão por bacias
hidrográficas, conforme já preconiza a Política Nacional dos Recursos Hídricos.
Os municípios, as empresas e a sociedade em geral que utilizam as águas de uma
bacia hidrográfica devem, por meio do diálogo, encontrar soluções que atendam
ao bem comum da população.
O grande descumprimento da criação e a implantação de Planos
Municipais de Saneamento se dá não somente por ausência de vontade política ou
“conversões morais” dos envolvidos, mas é notório a dificuldade dos municípios
possuírem profissionais capacitados para tal questão, retardando o
desenvolvimento do saneamento básico em muitas situações.
Problemas de qualificação técnica, educação, capacidade
administrativa e vontade política permeiam todo o processo de organização e uso
adequado dos recursos presentes na casa comum. A responsabilidade é de todos,
não caiamos no risco de reduzir a esse ou aquele grupo humano a culpa dos
problemas ambientais, sociais e culturais, ou mesmo dos direitos básicos como o
saneamento. O todo é superior a parte nos tem exortado Papa Francisco. Para
isso precisamos de rumos, “qualquer solução técnica que as ciências pretendam
oferecer será impotente para resolver os graves problemas do mundo, se a
humanidade perde o seu rumo, se esquece as grandes motivações que tornam
possível a convivência social, o sacrifício, a bondade” (LS 200).
Que as nossas lutas e a nossa preocupação por esta casa
comum não nos tirem a alegria da esperança (cf. LS 244).
Jornal " O São Paulo", edição 3088, 11 a 16 de fevereiro de 2016.
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