Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Pe. José Ulisses Leva é
prof. da PUC SP.
A Cosmopolita São Paulo se recria
e se reinventa cotidianamente. A Pauliceia
desvairada enaltecida pelo paulistano e poeta Mário de Andrade se
redescobre como universalista e pluralista todos os dias. No frenesi da
efervescente cidade, a cada instante, surgem novos conceitos e novos valores,
mas a megalópole não perde sua identidade, como lemos na famosa inscrição estampada
no Brasão: “Non ducor, duco”. Assim,
a cidade constituída através de uma Ermida e de um Colégio, por São José de
Anchieta, no Planalto, se agiganta e mantém viva sua missão: Não sou conduzido, conduzo.
Como acompanhar o gigantismo e
brilhantismo da cidade de São Paulo? Como senti-la plural, sem perder seu
dinamismo e sua identidade? Essas perguntas podemos fazer, também, tendo como referência
da Igreja de Cristo Jesus presente entre nós. O Jesuíta, São José de Anchieta,
no dia 25 de janeiro de 1554, a quis edificada no Planalto alicerçada por um
Colégio, mas, também, dedicada ao Apóstolo São Paulo. A cidade traz a Educação
imbricada com o religioso; a Sociedade paulista está em simbiose permanente com
a Igreja de Cristo Jesus.
Lembremo-nos que nosso Orago é o
Apóstolo São Paulo, quando da Ereção Canônica da primeira Paróquia a ele
dedicada, em 1591, criação da Diocese em 1745 e, posteriormente, Arquidiocese
em 1908. O missionário anunciava Cristo Jesus nas cidades e utilizava linguagem
urbana. Esteve nas praças e no Aerópago Ateniense. Esteve em Roma e também nas
cidades portuárias. Procura conhecer o coração humano, suas querências e
mazelas, para testemunhar o Ressuscitado. Não relutava o martírio, mas pregava firmemente
até o fim o bom combate. Combater hoje significa
dialogar racionalmente com todas as gentes, porém, sem perder a dinâmica e o
dinamismo da Fé.
No hoje da Metrópole Deus
continua a se revelar e a dialogar conosco. Na barulhenta e movimentada cidade
como falar, com quem falar e onde escutar o Altíssimo? Quais são os Aerópagos da
grande cidade? Qual a linguagem que devemos ter para anunciar Jesus Cristo?
Qual a metodologia que devemos empregar para testemunhar coerentemente o
Ressuscitado?
As pessoas querem a Igreja aberta
e dialogante. Quantos ainda procuram a clareza e a precisão da Doutrina,
contando sempre com a coerência e testemunho daquele que prega, para o empenho
eficaz daquele que escuta. Na Cosmopolita e multifacetária São Paulo
encontram-se pessoas que querem ouvir o Evangelho de Cristo Jesus. Elas se
encontram no turbilhão do gigantismo da metrópole que muitas vezes seduz para o
personalismo e individualismo.
Assim se comportava nosso
Padroeiro São Paulo Apóstolo “Ai de mim se não evangelizar (1 Cor 9, 16). A
missão se dá junto aos desafios, e eles sempre existiram e ainda persistem.
Podemos assim dizer que é desafiante ser Cristãos e manter os Valores que são Eternos
anunciados por Cristo Jesus. O Salvador nos indica a Ressurreição e nos fala no
Mandamento do Amor, quer seja ele o mais próximo de nós ou o mais diferente de
nós. O maior desafio é o outro, isto é, aquele que pensa diferente de nós, que
anuncia diferente de nós, que se faz oculto e marginalizado, ou até aquele que
nem mesmo quer saber da existência e transcendência de Deus.
Portanto, o desafio é sair de nós
mesmos e dos nossos rigorismos teóricos e quando não inócuos. Precisamos nos
lançar ao diferente dialogando, sem perder as conquistas bimilenares da
Igreja. Devemos sempre ocupar todos os
espaços para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, proporcionando liberdade e
Vida “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6).
Jornal "O São Paulo", edição 3189, 7 a 13 de março
de 2018.
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