Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Marlene dos Santos Vilhena é mestre e doutoranda em Direitos Difusos e Coletivos pela PUC-SP.
A crise hídrica criou uma oportunidade para a sociedade pensar e repensar que a água é indispensável para a vida humana e para os ecossistemas. A escassez da água potável e limpa chegou, e a necessidade de mudanças de hábitos se torna uma realidade quanto ao uso socialmente sustentável da água para o beneficio da coletividade presente e futura. A Campanha da Fraternidade deste ano reforça em todos nós a necessidade de nos comprometermos com a conservação e com o uso socialmente justo deste recurso.
A crise hídrica criou uma oportunidade para a sociedade pensar e repensar que a água é indispensável para a vida humana e para os ecossistemas. A escassez da água potável e limpa chegou, e a necessidade de mudanças de hábitos se torna uma realidade quanto ao uso socialmente sustentável da água para o beneficio da coletividade presente e futura. A Campanha da Fraternidade deste ano reforça em todos nós a necessidade de nos comprometermos com a conservação e com o uso socialmente justo deste recurso.
A ONU alerta que o
planeta enfrentará, até 2030, um déficit de água de até 40% - a menos que sua
gestão seja melhorada dramaticamente. A agricultura depende da água para a
produção de alimentos e as plantações estão usando mais água à medida em que a
população mundial aumenta. Infelizmente, nos momentos críticos, nem sempre se
administra com uma gestão adequada e com imparcialidade.
Em São Paulo, a redução dos níveis de água nos reservatórios
foi motivo de atenção e preocupação, mostrando que o uso racional dos recursos
hídricos é indispensável para assegurar a vida. Hoje, se faz necessária uma
mudança de postura para o enfrentamento da crise hídrica: mesmo que as chuvas recentes
fiquem acima do esperado, não se deve esquecer que a estação chuvosa
provavelmente termine entre março e abril. Cabe a todos a responsabilidade de
cuidar da água, consumindo responsavelmente esse bem que é fundamental para a
existência humana.
Nesse sentido o Papa Francisco, na Laudato si’ (LS 13), nos faz um apelo para que junto possamos
cuidar da casa comum: “O urgente desafio de
proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana
na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as
coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de
amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a
capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum. Desejo agradecer,
encorajar e manifestar apreço a quantos, nos mais variados setores da atividade
humana, estão a trabalhar para garantir a proteção da casa que partilhamos. Uma
especial gratidão é devida àqueles que lutam, com vigor, por resolver as
dramáticas consequências da degradação ambiental na vida dos mais pobres do
mundo. Os jovens exigem de nós uma mudança; interrogam-se como se pode
pretender construir um futuro melhor, sem pensar na crise do meio ambiente e
nos sofrimentos dos excluídos”.
Diante desse apelo do Papa Francisco, todos somos chamados a
olhar para a “Casa comum, nossa responsabilidade”, pois o mundo requer uma
postura singular no tratamento dos dons e bens ambientais. Ele afirma que “o acesso à água potável e
segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina
a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros
direitos humanos. Este mundo tem uma
grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável,
porque isto é negar-lhes o direito à vida radicado na sua
dignidade inalienável” (LS 30)
A nossa Constituição Federal, em seu artigo 225, consagra o
direto à sadia qualidade de vida, e para a efetividade desse direito, dentro
dos padrões mínimos exigidos constitucionalmente para um completo “bem – estar”,
são necessárias mudanças de valores e modos de estilo vida. De qualquer maneira,
a escassez nos levar a cuidar da água de modo permanente, com consciência
coletiva que esse bem (água) é limitado e toda a população deve evitar o
desperdício de água potável.
Jornal "O São Paulo", edição 3091, 2 a 8 de março
de 2016.
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