Mosteiro de Monreal |
Esta afirmação é dos especialistas em Historia Beneditina,
da Universidade de Palermo. O mosteiro é surpreendente! Hipnotiza o visitante,
deslumbrado pelo esplendor de luz, pelas cores e pelas alturas de seus
múltiplos quadros, todos em mosaicos! A Igreja e o Mosteiro de Monreal ficam na
capital da Ilha da Sicilia, em Palermo, na Itália.
Sua edificação nos leva à época em que o Reino normando da
Sicilia vivia em seu apogeu, ou seja, no reinado de Guilherme II (1172-1189).
Um dos frutos mais significativos desse momento foi a fundação da Catedral e da
Abadia beneditina de Monreal. A invasão dos Normandos, no inicio do século XI
na Itália meridional, foi seguida da longa conquista da Sicilia. O rei normando
Roger II foi coroado rei de Palermo em 1130 e esse reino durou séculos.
Enquanto o Mediterrâneo esteve sob o controle absoluto dos árabes, a
Cristandade ocidental passou então a dispor de um ponto de partida no
Mediterrâneo, para sua dominação. Os normandos transformaram radicalmente a
Ilha, que se tornou majoritariamente romana na religião, essencialmente latina
no plano lingüístico e européia ocidental na cultura. Os normandos passaram a
Ilha à obediência do Papa. Uma vez terminada a conquista o rei normando fundou
igrejas e o sucessor o rei Guilherme II voltou-se para Monreal e para a
fundação de um Mosteiro com seu maravilhoso Claustro, anexo à igreja que
ultrapassou por sua riqueza, extensão e valor, a todas as anteriores.
Segundo uma lenda, a origem da Igreja e Mosteiro beneditino
se deve a um sonho do Rei da Sicilia, o normando Guilherme II. A lenda narra
que certo dia Guilherme adormeceu sob uma árvore no campo e em sonho apareceu-lhe
a Virgem Maria,
que disse: "Neste lugar onde dormes está escondido o maior tesouro do
mundo. Escava-o e com ele construa um templo em minha homenagem". Seguindo
o mandado, ao acordar o rei ordenou que o local fosse escavado e ali encontrou
um tesouro em moedas de ouro, que foram empregadas na construção do santuário.
Para a decoração foram chamados mestres árabes,
venezianos e bizantinos especializados na técnica do mosaico,
que ajudaram a construir o Mosteiro, cobrindo-o da abside
às altas paredes laterais, com painéis de excepcional valor artístico.
A Catedral de Monreal supera em altura, comprimento e altura
a todas as demais abadias beneditinas. É também a única em beleza na composição
da arte do mosaico policromo e dourado. No centro e no ponto mais alto, sobre o
altar mor, esta o mosaico de Jesus Cristo, o Pantocrator (o todo poderoso). Ele
nos persegue, onde quer que andemos no interior do templo, com seu olhar severo
e ao mesmo tempo cheio de ternura. Junto e em seu redor vem a sua corte celeste
composta por anjos, profetas e santos.
Nas altas paredes laterais há uma divisão em dois níveis. No
primeiro, mais baixo, estão reproduzidas cenas do Antigo Testamento. Acima
deste e separando-o do segundo nível, há um friso nitidamente influenciado pela
tradição da arte islâmica. Nesse nível e separadas por vitrais com vidro
incolor, estão cenas do Novo Testamento; fechando-as no mais alto, largo friso,
com bustos dos apóstolos e de santos. O teto da Basílica é em madeira pintada
de cores. Sustentando essas paredes estão colunas, em pedra única, montadas por
arcadas com capitéis esculpidos em motivos diversos.
O conjunto dessa obra esplendida sobe como um hino ao Verbo
eterno, entrado na História como criador, redentor e juiz. O todo é rico de uma
profunda significação simbólica. Ela contem a resposta ao drama do homem cuja
resposta é Deus. Os mosaicos da Catedral do Monreal representam sobretudo a
descrição da historia do mundo, em sua versão bíblica, que começou pela criação
e terminou pela atividade dos Apóstolos que fizeram conhecer e engrandecer a
Igreja de Cristo no mundo. O piso também merece atenção pelo refinado trabalho
em mosaicos de mármores e pórfiro.
A obra inteira foi realizada em curto espaço de tempo. O rei
ofereceu a catedral à Virgem Maria Nuova, e a cerimônia de consagração se deu
em 1166.
O Claustro, ao lado, ultrapassou todos os demais,
completando o esplendor da Catedral, mostrando a luxuriante sequência da
escultura de seus 216 capitéis, que chegaram até nós quase intactos. Em cada
lado desse quadrado é mostrado um serie de arcos em ogivas que se abrem ao
interior sobre um jardim do convento. Nesse jardim gramado, em cada um de seus
cantos há um arvore de simbologia diversa. A palma é emblema clássico da
fecundidade e da vitoria. A romãzeira é considerada como um dos produtos
da terra prometida, como símbolo do Paraíso Celeste e da Igreja. A figueira
considerada como o alimento, o mais importante. A oliveira, pois dela se
extrai o óleo santo, uma das matérias sacramentais. No ângulo Sudeste se
encontra o Pequeno Claustro, no centro do qual esta a fonte que inspirou a
admiração comovida de poetas e artistas. Nos quatro lados do Claustro sucedem
os arcos com suas duplas colunas e capitéis de pedra única, esculpidas com
cenas diversas, que encantam e fascinam. As colunas, em numero de 228 suportam
os capitéis, com suas variadas formas onde os artistas esculpiram na pedra
motivos os mais diversos. Vai-se das cenas da vida de Jesus às cenas do Antigo
Testamento, passando por cenas de caça, de colheitas, de combate entre
guerreiros supondo o conhecimento completo da simbologia medieval. Apenas uma
equipe de cinco mestres, esculpiu as duplas colunas e seus capitéis, quase todos
de origem da França meridional, assistidos por um numero impreciso de ajudantes
que deveriam ser marmoristas, escultores, compositores, dizem os especialistas
em Historia da Arte sacra.
No mosteiro não há mais monges desde a Unificação da Itália,
quando o Rei Vitor Emanuel II, em um de seus primeiros atos, decretou, em 1860,
a estatização de todos os mosteiros da Itália. O Claustro e Mosteiro de Monreal
tornaram- se museu, abertos à visitação publica.
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