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Ilustração: Sergio Ricciuto Conte |
Ulisses Leva é padre secular e professor de História da Igreja da PUC-SP, defendeu tese de doutorado junto à Pontifícia Universidade Gregoriana com o título " O clero secular italiano na reforma da Diocese de São Paulo no Episcopado de Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho (1876-1894)".
Na Edição 3091 de “O São Paulo” (2 a 8 de março de 2016), na seção Encontro com o Pastor, Dom Odilo Pedro Scherer perguntava “Que tal um sínodo arquidiocesano?”. O cardeal explica “Por qual motivo deveríamos pensar um sínodo arquidiocesano em São Paulo? Refletindo sobre a realidade da nossa arquidiocese, suas estruturas pastorais, com as regiões, vicariatos episcopais e setores pastorais, sobre a coordenação pastoral no seu conjunto e os diversos organismos de animação pastoral [...] Não teria chegado o momento de uma grande avaliação e, quem sabe, para novas opções, organizações e práticas na evangelização e na animação pastoral? [...] Que tal refletirmos juntos sobre a proposta da realização de um sínodo arquidiocesano? Ainda não se trata de uma decisão tomada; antes de uma decisão, desejo ouvir a Arquidiocese a esse respeito”.
Como lembra Dom Odilo, São Paulo já teve um Sínodo
Diocesano, realizado por Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, bispo da
Diocese de 1873 a 1894. Em 1888 realizou o Sínodo Diocesano, apresentando as
resoluções dos Concílios Ecumênicos de Trento (1545-1563) e do Vaticano I
(1869-1870). As diretrizes do Sínodo delineavam a dinâmica da vida eclesial em
São Paulo e a visibilidade da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica na
Diocese Paulista.
Apesar da vastíssima Diocese, que abrangia na época São
Paulo, Paraná e parte de Minas Gerais, seu pastoreio foi muito rico para a
Igreja em São Paulo. Preocupou-se com as vocações sacerdotais, realizou muitas
Visitas Pastorais, erigiu Paróquias e Santuários, tal como, o do Senhor Bom
Jesus de Monte Alto, escreveu 21 Cartas Pastorais. Teve postura firme e
decidida para orientar e conduzir sua grei, abraçou os quantos ajudavam no
crescimento espiritual da Diocese. O Sínodo Diocesano buscou orientar as
diretrizes para a São Paulo no século XIX e, mesmo não tendo sido publicado,
seu pulsar foi marcante. A Diocese de São Paulo aproximou-se mais com a Igreja
de Cristo Jesus presente em Roma, quer na Catolicidade quanto na Unicidade.
A Igreja no Brasil não se habituou a Sínodos, diferentemente
da América espanhola. Em 12 de junho de 1707, Solenidade de Pentecostes, ocorre
na Bahia, o Primeiro Sínodo realizado por Dom Sebastião Monteiro da Vide, para
traçar metas pastorais, resultando, nas Constituições Primeiras do Arcebispado
da Bahia. Em São Paulo o Sínodo
Diocesano aconteceu em 1888, tendo como finalidade estabelecer a disciplina da
Santa Igreja. Em 1890, o Episcopado Brasileiro reúne-se em São Paulo, para
encontrar orientações pastorais após o advento da Proclamação da República.
Sentindo sempre com a Igreja, impulsionados pelo Espírito
Santo e orientados pelos Documentos Conciliares do Vaticano II, Dom Odilo,
continuou no seu artigo: “O sínodo está presente na vida das Igreja
particulares, ou dioceses [...] Conforme revela o próprio significado do
conceito, o ‘sínodo’ é um caminho feito em comum, feito juntos, na mesma
direção. Nada mais próprio da Igreja de Cristo, que é sempre orientada por essa
intenção fundamental da unidade, da comunhão e da corresponsabilidade [...].
Seja, pois, uma proposta o Sínodo Arquidiocesano como convocação, participação,
discernimento, letra e espírito vivos. ‘Sê pastor das minhas ovelhas’ (Jo 21,
16)”.
Jornal "O São Paulo", edição 3095, 30 de março a 5 de abril de 2016.
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